A infecção urinária é a infecção que afeta os órgãos do trato urinário. Pode ser dividida em infecções da uretra (uretrite), da bexiga (cistite) ou do rim (pielonefrite). No homem podemos, ainda, englobar as infecções associadas à próstata (prostatite) ou aos testículos (orquite e orqui-epididimite).
A maioria das infecções do trato urinário responde a tratamento simples com antibióticos, hidratação e analgésicos/anti-inflamatórios e podem ser tratadas em casa. Nalguns casos graves, por exemplo, quando a infecção já está disseminada, é necessário o internamento hospitalar (e eventualmente intervenção cirúrgica) para tratamento e vigilância. Veja mais informação em tratamento das infeções urinárias.
Algumas doenças do trato urinário podem ser semelhantes a infeções urinárias por originarem queixas parecidas, no entanto, nesses casos, geralmente não se encontra nenhum microorganismo responsável.
- Tipos de Infecção urinária
- Infecção urinária – causas
- Infecção urinária na mulher
- Infecção urinária no homem
- Infecção urinária na criança
- Infecção urinária – sintomas
- Infecção urinária é transmissível?
- Diagnóstico da infecção urinária
- Complicações da Infecção urinária
- Infecção urinária tem cura?
- Infecção urinária – tratamento
- Como prevenir a infecção urinária?
Tipos de Infecção urinária
A infecção urinária mais comum é a infecção na bexiga (cistite), sendo também a que mais facilmente é tratada. Normalmente o organismo infecioso ascende do exterior pela uretra e infeta a bexiga. Em algumas situações a infecção pode propagar-se até ao rim originando a infecção renal (pielonefrite). A infecção localizada nos rins geralmente necessita de tratamento mais prolongado e maior vigilância dado o seu potencial para se disseminar para o resto do organismo (sépsis).
As infeções localizadas apenas à uretra (uretrite) são provocadas geralmente por agentes transmitidos por via sexual e são mais típicas do sexo masculino (a mulher possui a uretra muito curta e a infecção transmite-se diretamente à bexiga). Geralmente a infecção da uretra caracteriza-se pelo aparecimento de um corrimento (“escorrência”) uretral, límpido ou esbranquiçado (“leitoso”) consoante o tipo de infecção.
Algumas pessoas são afetadas por várias infeções urinárias ao longo da vida: a presença de 2 infeções urinárias em 6 meses ou 3 infeções urinárias num ano é considerado infecção urinária de repetição e deverá ser investigado mais aprofundadamente.
Nalguns casos, o tratamento inicial pode não ser eficaz: o microorganismo pode ser resistente ou o tratamento não ter a duração ideal. Nestas situações é frequente as pessoas melhorarem inicialmente mas recidivarem em pouco tempo.
Infecção urinária – causas
A maioria das infeções urinárias é provocada por bactérias. Em alguns casos, podemos encontrar também infeções por fungos, geralmente em doentes diabéticos ou quando o sistema imunológico (sistema de defesa) está deficitário. As infeções do trato urinário por vírus ou parazitas são raras.
Entre 70 a 80% das infeções urinárias são provocadas por Escherichia coli. Outras bactérias comuns são o Enterococcus, o Proteus e a Klebsiella. Em 10 a 15% dos doentes com sintomas não conseguimos identificar o agente envolvido.
Infecção urinária na mulher
As mulheres apresentam um maior risco de desenvolverem infeções urinárias pelo facto de possuírem uma uretra mais curta e próxima da vagina e do ânus. Geralmente, a infecção urinária feminina (na mulher) ocorre por contaminação de microorganismos da região vaginal ou peri-anal e associa-se com frequência a condições que alterem o pH da vagina como, por exemplo, a menstruação, utilização de produtos de limpeza vaginais, infeções fúngicas vaginais (candidíase) ou mesmo o envelhecimento (diminui a eficácia dos mecanismos protetores contra as infeções urinárias).
A atividade sexual também constitui um mecanismo frequente para o desenvolvimento de infeções urinárias de repetição: a relação sexual potencia a introdução de bactérias para o interior da vagina (introito vaginal) e a subida destas bactérias pela uretra até a bexiga.
Algumas infeções urinarias, quando não tratadas devidamente, podem transmitir-se aos órgãos ginecológicos (útero, tubas uterinas e ovários) e dificultar posteriormente a capacidade de engravidar.
A infecção urinária na gravidez é relativamente comum e deve ser objeto de tratamento, mesmo que as mulheres não tenham sintomas (denominadas bacteriúrias assintomáticas). As infeções urinárias constituem riscos consideráveis para a saúde da gestante (mãe) e do feto, como tal devem ser avaliadas cuidadosamente.
Infecção urinária no homem
A infecção urinária masculina (no homem) é mais rara e surge, normalmente, quando este não consegue esvaziar totalmente a bexiga (resíduo pós-miccinonal). Esta situação pode acontecer em condições como o aumento benigno da próstata ou em estenoses (apertos) da uretra.
A infecção urinária nos homens pode transmitir-se à próstata (prostatite), epidídimo (epididimite) e testículo (orquite/orquiepididimite), sendo que, nestes casos, o tratamento é mais prolongado que aquele preconizado para as infeções simples da bexiga (cistite).
Dado o maior comprimento da uretra, o homem pode também desenvolver infeções localizadas apenas à uretra (uretrites). A maior parte das vezes estas infeções são sexualmente transmissíveis, provocadas por microorganismos como Neiseria gonorrhoeae ou Clamydia trachomatis e cursam com corrimento (líquido a sair pelo pénis sem relação com urinar), dor e comichão (prurido). Nestes casos é importante tratar o próprio e o parceiro sexual simultaneamente (que pode até não demonstrar sintomas) e evitar as relações sexuais desprotegidas enquanto tiver a infecção.
Infecção urinária na criança
A infecção urinária infantil (infecção urinária em crianças) é uma das infeções bacterianas mais comuns nestas idades. A presença de infeções urinárias nesta fase precoce da vida pode ser uma manifestação de malformações do trato urinário ou de defeitos funcionais (bexiga neurogénica, refluxo vesico-ureteral,…) e devem ser estudadas cuidadosamente.
No bebé, como eles ainda não conseguem falar ou expressar o que sentem, temos de equacionar a possibilidade de uma infecção urinária no caso de febre sem causa aparente, dificuldade em se alimentar, perda de peso, mau estar geral, irritabilidade, urina com mau cheiro, etc.
Tal como como nos adultos, as infeções são mais comuns em raparigas do que em rapazes. No entanto, curiosamente, nos primeiros meses de vida, são os rapazes a serem mais afetados por esta doença.
Infecção urinária – sintomas
Os sinais e sintomas de infecção urinária variam consoante o órgão afetado.
Assim, nos casos mais comuns de infeções da bexiga (cistite) as queixas mais frequentes são dor, ardor ou desconforto ao urinar, necessidade de urinar muitas vezes e geralmente em pequenas quantidades, sensação imperiosa para urinar (urgência miccional) presença de urina turva (piúria) e/ou com mau cheiro. Ocasionalmente pode surgir sangue na urina, mais comum nas pessoas que fazem medicamentos para as plaquetas ou para a coagulação do sangue.
As infeções localizadas ao rim costumam ser mais graves e necessitar de tratamento mais prolongado. O doente com infecção do rim costuma apresentar febre, mau estar, náuseas ou vómitos e dor lombar (“dor ao fundo das costas”) do lado do rim afetado. Podem também estar presentes as mesmas queixas descritas para as infeções da bexiga.
As infeções da próstata são menos específicas: é comum surgirem queixas de febre, dor ou ardor a urinar, diminuição do jacto da urina ou mesmo incapacidade para urinar, dor na região entre o escroto e o ânus (dor perineal).
As infeções da uretra costumam causar ardor ao urinar (mais comum no início e ao final da micção) e podem provocar corrimento (escorrência) pela uretra, esbranquiçada, amarelada ou transparente.
A presença de mal-estar geral, dores musculares generalizadas, perda de apetite, náuseas e vómitos pressupõem a existência de uma infecção grave, disseminada pelo corpo e geralmente determinam a necessidade de internamento hospitalar para tratamento.
Os sintomas costumam durar 2 a 3 dias após iniciar o tratamento, sendo mais rápido para as cistites e mais lento para as prostatites e pielonefrites. No caso de febre persistente é necessário uma investigação mais pormenorizada, pois a terapêutica instituída poderá não estar a ser eficaz ou ser necessário outro tipo de tratamento.
Em alguns casos podem não existir sintomas, sendo assim chamadas de infecção urinária assintomática: estes casos são mais comuns nos doentes idosos ou em algaliados há longa data, e na maioria dos casos não necessitam de tratamento. As grávidas são um grupo de exceção, para o qual é recomendado tratar todas as infeções urinárias, mesmo que não originem sintomas.
Nos idosos a infecção urinária pode estar associada a confusão mental.
Infecção urinária é transmissível?
A generalidade das infeções urinárias não são sexualmente transmissíveis. No entanto, a relação sexual propicia o desenvolvimento destas ao fomentar a introdução de bactérias externas no tracto urinário, tanto no homem como na mulher.
Alguns tipos de uretrite são sexualmente transmissíveis, ocorrendo contágio para os diversos parceiros sexuais nas relações sexuais não protegidas, ou seja, a infecção “pega-se” ou “passa de uma pessoa para outra”. Neste caso é importante o tratamento do próprio e do(s) parceiro(s) sexual(ais) que até podem não ter sintomas.
Diagnóstico da infecção urinária
O diagnóstico da infecção urinária é feito pelos sintomas do doente e pelo exame da urina (análises de sumária de urina tipo 2 e cultura da urina). Em alguns casos pode ser necessário realizar um estudo imagiológico complementar para adquirir mais informações como a Ecografia ou a Tomografia computorizada (TC ou TAC).
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Complicações da Infecção urinária
A infecção do rim pode causar cicatrizes renais e a longo prazo contribuir para o declínio da função renal.
Saiba, aqui, tudo sobre insuficiência renal.
Em alguns casos graves, quando o tratamento é instituído demasiado tarde ou a infecção é muito grave existe inclusivamente risco de morte.
Infecção urinária tem cura?
A infecção urinária tem cura, desde que seja corretamente diagnosticada e tratada de forma atempada e adequada. Em alguns casos a infecção pode tornar-se crónica quando o tratamento não tem a duração correta ou não consegue eliminar todos os gérmenes. Nestas situações pode ser necessário um segundo tratamento com antibiótico, de maior duração.
Saiba, de seguida, como tratar a infecção urinária.
Infecção urinária – tratamento
A infecção urinária normalmente tem origem em bactérias e o tratamento baseia-se nos antibióticos.
Outros medicamentos que se associam frequentemente aos antibióticos são os anti-inflamatórios (ex. ibuprofeno) ou os analgésicos para aliviar a dor e desconforto
Em relação a tratamento ou remédio caseiro o melhor complemento natural à medicação prescrita pelo médico é a ingestão abundante de água, contribuindo tanto para a cura como para a prevenção (profilaxia).
É importante o doente fazer a medicação da forma como foi prescrita, durante o tempo recomendado pelo médico, sob o risco de falhar o tratamento e a infecção se tornar crónica e mais difícil de debelar.
Não existem alimentos a evitar nas infeções urinárias pois estes não interferem na duração da infecção ou no tratamento. No entanto, alguns doentes referem que os alimentos ácidos, os picantes ou as bebidas gaseificadas podem agravar as queixas e como tal, para estes doentes, será preferível evitar este tipo de alimentos.
Na infecção urinária persistente ou recorrente é importante, além do tratamento agudo, determinar os factores de risco presentes e corrigir estes de modo o prevenir o reaparecimento da infecção.
A duração do tratamento vai variar com o tipo de infecção e com o tipo de antibiótico indicado: algumas infeções da bexiga ou da uretra (uretrites e cistite) necessitam apenas de uma dose única (fosfomicina) ou até 5 dias de antibiótico (amoxicilina), enquanto que nas infeções do rim ou da próstata pode ser necessário tomar os comprimidos durante duas ou mais semanas.
Nas infeções sexualmente transmitidas deverá ser sempre tratado o casal em conjunto e evitar relações sexuais desprotegidas enquanto não acabar o tratamento.
É previsível que a recuperação ou melhoria clinica surja nos primeiros dias após iniciar o tratamento e, se tal não acontecer, deverá ser reavaliado pelo seu médico.
O doente nunca deve em caso algum automedicar-se, devendo sempre realizar o tratamento de acordo com a prescrição médica.
Como prevenir a infecção urinária?
A ingestão abundante de água demonstrou ser uma mais-valia para a prevenção e para o tratamento das infeções urinárias. Alguns estudos apontam também para a utilidade do arando vermelho e de alguns chás, sendo que, nestes casos, a eficácia é mais controversa.
O tabaco (fumar ou mascar), uma alimentação à base de picantes, o café, as bebidas gaseificadas ou os alimentos ácidos podem, em alguns doentes, contribuir para as queixas, e nesses casos, devem ser evitadas.
Outras medidas recomendadas para a prevenção de infeções urinárias:
- utilizar sabões neutros para higiene local;
- limpar após urinar ou após a relação sexual evita o acumulo de bactérias e deve ser realizada sempre da frente para trás;
- utilizar roupa interior de algodão permite que a pele e as mucosas “respirem” e diminui a concentração local de microorganismos;
- trocar regularmente e preferir os absorventes externos (pensos higiénicos) em detrimentos dos internos (tampões).
Nos casos em que estas medidas não sejam eficazes o seu médico pode propor-lhe outras opções como:
- Estimular o sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo) ao tomar diariamente um lisado de bactérias (sem capacidade para infectar);
- Esquemas de antibiótico em doses muito baixas, como por exemplo 1 comprimido após relações sexuais ou um comprimido diariamente ou até 10 em 10 dias nos casos.